Na maioria das rampas do Brasil adotam-se frequências de rádio oficiais. Em geral usam-se frequências entre 144,000 MHz e 148,000 MHz.
No final desse post está uma relação com algumas frequências usadas por pilotos de voo livre e de paramotor. Se quiser ir direto para planilha online de frequências acesse o link.
Nos clubes e sítios de voo organizados espera-se que os pilotos usem as frequências oficiais dos clubes, contudo, na prática os grupos de pilotos que costumam voar juntos acabam escolhendo uma frequência própria para eles.
Poucos sabem que essa faixa que usamos é destinada ao uso de radioamadores. É conhecida por "faixa dos dois metros" ou simplesmente VHF. No Brasil compete à ANATEL o gerenciamento sobre o espectro de radiofrequência, habilitação de radioamadores e fiscalização. Contudo, as definições de frequências respeitam órgãos internacionais como a IARU.
A LABRE é a representante oficial dos radioamadores no Brasil.
A LABRE é a representante oficial dos radioamadores no Brasil.
Essa faixa que usamos é muito popular entre os radioamadores e é usada para muitos tipos diferentes de atividades, desde o uso para CW (código morse) até comunicações com satélites em órbita ou comunicações EME (reflexão lunar).
Mas certamente, o uso mais comum para essa faixa é com certeza a comunicação local, tanto em simplex (comunicação direta) quanto via repetidoras.
Vejam abaixo as sub-faixas dessa banda e as atividades atribuídas a cada um desses segmentos de frequência.
Parece complicado, mas não é. Por exemplo: Na primeira sub-faixa (em vermelho) frequências entre 144,00 até 144,100 são para uso de CW (comunicações em código morse). De 144,100 a 144,275 destina-se ao uso para SSB ou CW. E assim por diante:
Considerando que no voo livre, o tipo de comunicação que fazemos sempre em simplex (uso de apenas uma frequência), o correto seria usarmos as sub-faixas destinadas a simplex local (preto e cinza no gráfico).
Fonte: http://py2nl.blogspot.com.br/2009_12_01_archive.html |
Mas por que eu devo gastar minha memória e tempo com isso?
Primeiro, porque se não souber você pode ser interpelado por algum radioamador por estar transmitindo em algum local inapropriado. Pode até estar, sem saber, acionando uma repetidora e sendo ouvido por dezenas de pessoas que pensarão que você é um simples clandestino fazendo clandestinices.
Segundo, porque conhecendo como funciona isso você, sendo radioamador, tem noção do seu direito de usar uma determinada faixa de frequência. Se você tem um indicativo e está na sub-faixa adequada ninguém poderá dizer que você não pode estar ali ou que tem mais direito que você.
E por último, se você não tem indicativo, pode considerar fortemente a ideia de prestar os exames na ANATEL e tornar-se habilitado ao uso destas e de outras faixas de frequências. Talvez descubra que o rádio pode ser útil em outras situações e até divertido. Em dias sem condição de voo você pode dedicar-se ao DX ;-)
Muitas escolas de voo oferecem aulas teóricas durante o curso de piloto ou mesmo oferecem cursos extras especificamente para a preparação dos pilotos para prestar as provas para radioamador. Mas tenho vários amigos que estudaram sozinhos e passaram na primeira tentativa. Muito pelo esforço pessoal e também porque as provas não são tão complicadas.
Eu não sou adepto do terrorismo, mas cabe lembrar que de acordo com o Art. 183 da lei 9.472 "desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação pode resultar em pena de detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro e multa de R$ 10.000,00.
Eu não sou adepto do terrorismo, mas cabe lembrar que de acordo com o Art. 183 da lei 9.472 "desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação pode resultar em pena de detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro e multa de R$ 10.000,00.
Normalmente o primeiro prejuízo é a apreensão do equipamento. Em algumas regiões do Brasil essa é uma possibilidade bem real.
Competições e frequências
Tenho observado que em competições as organizações de prova tem adotado pelo menos três frequências, sendo:
* frequência geral da prova
* frequência para o resgate
* frequência de emergência
Contudo, algumas equipes ou times adotam suas frequências próprias.
Mas, se levarmos em conta algumas questões de segurança e mesmo de ordem, ninguém deveria deixar de ouvir a frequência da prova.
* frequência geral da prova
* frequência para o resgate
* frequência de emergência
Contudo, algumas equipes ou times adotam suas frequências próprias.
Mas, se levarmos em conta algumas questões de segurança e mesmo de ordem, ninguém deveria deixar de ouvir a frequência da prova.
Assim, quando há necessidade de se usar duas frequências simultaneamente há algumas possibilidades:
1 - usar dois rádios;
2 - usar rádios com dupla recepção simultaneamente;
3 - colocar as três frequências na memória e colocar o rádio scaneando a memória;
4 - usar rádios que estando em uma determinada frequência acessam de tempo em tempo uma outra pré programada (nos rádios Yaesu a função é o "dual watch", nos rádios Icom é a função "priority watch").
Atualmente são bem comuns rádios com display para duas frequências. Normalmente nas fotos constam uma frequencia de VHF e outra de UHF, mas além de V/U você poderá configurar V/V ou U/U.
Obs.: No caso dos rádios Baofeng a função TDR habilita ou desabilita a recepção simultânea de duas frequências. Por padrão você ouvirá as duas, mas se desabilitar ouvirá só a principal, mesmo que a outra esteja sendo exibida no display.
Mas há um problema grande nesse processo de escuta simultânea: a bagunça no seu ouvido.
Se a situação exige que você monitore e eventualmente transmita em duas frequências, talvez seja conveniente usar dois rádios. Dessa forma você poderá controlar o volume de cada um separadamente e ainda poderá transmitir facilmente com um ou outro.
Uma opção interessante que surgiu não faz muito tempo são os rádios com dois PTT´s. Sem complicação você pode ouvir duas frequências e transmitir em uma ou outra por dois botões diferentes no mesmo rádio.
Até os microfones tipo mike ou de lapela têem dois botões para as duas frequências diferentes.
Podemos considerar que se houver muito tráfego nas frequências, ouvir as duas seria um complicador a ponto de tirar a concentração do voo, mas em outras situações pode ser uma boa pedida. Ficar na frequência oficial da rampa e na frequência pré combinada com seu resgate, por exemplo.
Sabemos o quanto uma conversa off-topic no rádio atrapalha o voo. Certa vez presenciei um piloto já longe do morro conversando com seu resgate como se não houvesse mais ninguém na frequência. Provavelmente ele nem chegou a pensar nisso, mas muitos pilotos reclamaram depois. Infelizmente reclamaram depois e entre si apenas.
Escolas costumam ter frequências distintas das oficiais dos morros também, pois alunos possuem necessidades especiais de contato com seus instrutores. Nesse caso, cabe ao instrutor manter escuta tanto na frequência oficial da rampa quanto naquela usada para a instrução.
Portanto, fazer uso de uma segunda frequência é algo a ser considerado eventualmente.
Tabela de frequências usadas por pilotos de voo livre e paramotor
Abaixo seguem algumas frequências usadas por pilotos de parapente e paramotor. A tabela atualizada está disponível via google docs (link abaixo).
Para planilha atualizada acesse esse link.
Para incluir dados poderá inserir comentários (necessário login) na planilha ou comentar esse post abaixo.
Essa planilha foi construída com a ajuda de amigos pilotos de todo Brasil.
A todos vocês que colaboraram, meu muito obrigado.
Comente abaixo que eu farei a atualização.
Outros países
Segundo a Federação Francesa de Parapente, na França você também deve ser habilitado como radioamador para fazer uso da faixa de VHF e pode 'comprar' uma frequência para usar regularmente. O uso de frequências de UHF é livre.
Em Portugal a Autoridade Nacional Comunicações - ANACOM - definiu em 06/2014 três frequências para o uso de pilotos de voo livre e paramotor.
Em Portugal a Autoridade Nacional Comunicações - ANACOM - definiu em 06/2014 três frequências para o uso de pilotos de voo livre e paramotor.
143,925 - Instrução
143,9375 - Comunicação entre pilotos
143,950 - Emergência
143,9375 - Comunicação entre pilotos
143,950 - Emergência
Essas frequências estão fora da faixa de radioamador, portanto, não se faz necessário ser radioamador para seu uso. Por um lado isso simplifica a vida de quem quer apenas fazer uso de um equipamento para voar sem ter que estudar uma série de matérias. Por outro, limita o uso a apenas três frequências.
Eu acredito que essa medida deve ter sido compartilhada em toda a Europa. Se não, provavelmente o será. Se você tem informação sobre o uso de rádios em outros países, compartilhe conosco.
Abraços,
Cláudio Hernandes
PY5PK
ABVL 35183